If I had my way I would burn this building down
O que fazer quando se escreve uma série de ficção científica comjuma produção cara, que passa a um dia inconveniente numa estação de televisão famosa pela sua pouca paciência? Certamente não o que Josh Friedman fez nesta segunda temporada de “Terminator: the Sarah Connor Chronicles”.
Depois de uma primeira temporada pequena mas bem conseguida, onde se estabeleceu o universo derivado dos filmes e se defrontaram os principais opositores, a segunda temporada desta série tinha agora a oportunidade de desenvolver ainda mais as tramas apresentadas, resolvendo alguns mistérios e lançando novas histórias outros que permitissem à série conquistar mais espectadores. E foi exactamente isso que a primeira metade da temporada nos apresentou. Ao som da magnífico “Samson & Delilah”, resolvem-se os conflitos deixados em aberto em “What He Beheld”, e ganha-se uma nova inimiga na pele de Cameron (Summer Glau), que parece disposta a trair tudo aquilo para que foi programada para destruir John Connor (Thomas Dekker). Ao mesmo tempo, descobre-se uma potencial inimiga na pele da misteriosa Catherine Weaver (Shirley Manson, que se estreia assim na televisão), uma T-1001 com um plano secreto que irá arrastar James Ellison (Richard T. Jones) ainda mais para esta história.
Com a ameaça de Cromartie (Garret Dillahunt) sempre presente, o mistério de Weaver e da ZeiraCorp e a constante tensão entre a família improvisada de Sarah (Lena Headey), John, Cameron e Derek (Brian Austin Green), a segunda temporada desta série tinha tudo para vingar. Infelizmente, o que se viu foi uma incapacidade para aproveitar o tempo que restava para criar uma história consistente com um rumo definido que fizesse os telespectadores regressarem semana após semana. Se a conclusão da história de Cromartie resultou num dos melhores episódios da temporada em “Mr. Fergunson Is Ill Today”, oferecendo-nos uma brilhante cena na igreja, complementada pela sempre presente banda sonora de Bear McCreary, a aposta em episódios soltos, sem grande consequência para a trama principal, em personagens secundárias sem interesse de maior, como Riley (Leven Rambin) e Jesse (Stephanie Jacobsen), que apenas nos intrigavam pela aparente facilidade com que se viaja no tempo nesta série, e a aparente falta de ligação de Weaver e Ellison a Sarah e John, tornaram a segunda temporada, especialmente a segunda metade, numa séria desilusão. Mais do que descobrir os três símbolos, ou acompanhar a vizinha do lado nas idas ao médico ou mesmo ver as brincadeiras da pequena Weaver com John Henry, o que gostaríamos era de saber qual o papel de Weaver nesta história, qual o destino dos Terminators, e qual o papel reservado a todas as personagens num futuro que poderá, ou não, ter sido alterado.
Ressentindo-se deste desfasamento da acção, não é de estranhar que a série tenha sido uma das vítimas da temporada, provando mais uma vez a pouca paciência da FOX. Infelizmente, ao fazê-lo fica em aberto aquele que poderia ter sido o momento da série, quando em “Born To Run”, John salta para o futuro para salvar Cameron, e descobre que chegou a um mundo alternativo, onde tanto o pai como o tio estão vivos e onde ele nunca existiu.
Sem uma resolução concreta, para a posteridade ficam as boas interpretações de Summer Glau, Lena Headey e Brian Austin Green, e a certeza que este universo continua a fascinar.