Life is blah, blah, blah. You hope for blah and sometimes you find it but mostly it’s blah…
O que acontece a uma série quando a tiramos do seu elemento? Será que ganha nova vida, que renasce das cinzas e tem pernas para vingar sozinha? Ou será que, simplesmente, continua na espiral decadente que vinha a seguir?
Depois de uma terceira temporada que começou bem, mas que rapidamente diminuiu de qualidade, Weeds precisava de se redimir, e a mudança de cenário para a fronteira entre a Califórnia e o México parecia ser a ideal. Uma nova vida para as personagens, uma história diferente, e uma oportunidade profissional para a protagonista, que passava desta forma de traficante de bairro a correio de drogas entre os lados da fronteira. Infelizmente, longe de trazer consigo uma muito necessária mudança à história, esta quarta temporada de Weeds apenas conseguiu confirmar que a grande revelação do canal Showtime se encontra pelas ruas da amargura.
Aquilo que sempre distinguiu Weeds foi o seu humor negro e a sua capacidade de criticar a sociedade americana. A história de uma mãe dos subúrbios que, após a morte do marido, resolve transformar-se em traficante de droga na sua comunidade, dava-nos a oportunidade de soltar umas belas gargalhadas, ao mesmo tempo que nos deixava a pensar sobre os caminhos que escolhemos. As personagens, longe de serem estereótipos, conseguiam, pelo meio de situações caricatas e mesmo absurdas, mostrar algum profundidade. Nancy (Mary-Louise Parker) era claramente uma mulher que fazia más escolhas, que se envolvia com os homens errados por acaso, mas que tentava dar o melhor à sua família. Os filhos, pelo meio das típicas crises da puberdade e da adolescência, procuravam uma figura paternal, que o tio Andy (Justin Kirk) tentava, de forma não convencional, dar. E os amigos e vizinhos, sem dúvida as personagens mais hilariantes pela forma como nos deixavam adivinhar a vida nas comunidades fechadas, eram obrigados, mesmo assim, a lidar com problemas normais, como casamentos desfeitos e tratamentos contra o cancro.
Longe de tudo o que lhe era familiar, a quarta temporada caiu no erro criar situações tão absurdas, tão inusitadas, que qualquer ligação com a realidade se tornava difícil de reconhecer. De comédia inteligente e mordaz, Weeds passou assim a ser uma comédia insípida que procura a piada fácil, recorrendo ao sexo como forma de compensar a clara falta de história. A chegada a Ren Mar até trouxe algum humor à história, com a entrada em cena do sogro de Nancy, Lenny (Albert Brooks), e a sua obsessão pela morte anunciada da mãe, mas tão rápida quanto a sua partida foi o declínio da história, que sofreu tantas voltas e reviravoltas, tantas entradas e saídas de personagens, que quase se tornava difícil saber em que pé se encontrava. Se Silas (Hunter Parrish) e a sua nova conquista, e Shane (Alexander Gould) e o seu novo estatuto na escola não contribuíram em nada para a história, já os esquemas de Andy e um regressado Dean (Kevin Nealon), surgido sabe-se lá como de Magestic, foram de morrer de tédio. E nem mesmo a melhor personagem de todas as temporadas, a inigualável Celia Hodes (Elizabeth Perkins), foi desta vez poupada: começou a temporada na cadeia, de onde saiu para ser espiã da polícia; foi parceira de tráfico de Nancy, vendedora na loja para grávidas, e viciada em drogas até ser, prontamente, enviada para um centro de recuperação, de onde saiu para viajar até à Guatemala à procura da filha perdida, que não vemos desde o primeiro episódio da série. Tudo isto em treze episódios sem qualquer ponta de humor.
Mas se todas estas histórias foram fracas, nenhuma se compara à ridícula invenção de um túnel entre o México e a loja de Nancy, que em vez de a fazer pôr, de uma vez por todas, a mão na consciência, serviu apenas como forma de arranjar mais um par romântico a uma desesperada Nancy. Com o currículo de Nancy nas últimas temporadas, é bom que Esteban Reyes (Demian Bichir) se cuide, pois poderá vir a ser a próxima vítima desta viúva negra.
Quando se lida com uma temporada muito fraca, onde nenhuma história se evidencia, é difícil escolher um momento para a ilustrar, mas desta vez a frase de Andy é a perfeita para caracterizar uma temporada onde tudo foi… bom… blah!