Heroes S3

Heroes 3

Fénix. Uma criatura mitológica que renasce das suas próprias cinzas. Uma das mais queridas figuras da banda desenhada norte-americana, a Fénix representa também o poder de superar os obstáculos e conseguir reinventar-se. Nada menos do que isso era o que esperávamos da terceira temporada de “Heroes”, depois da desilusão que foi o segundo volume, “Generations”. Esperava-se que a trama passasse a ter um rumo definido, que as personagens escolhessem um lado e o mantivessem por mais do que um episódio, que os mistérios que desde o início nos intrigavam fossem explicados, e que a série recuperasse o encanto inicial. Mal sabíamos nós em que nos estávamos a meter.

Ominosamente intitulado “Villains”, o terceiro volume desta série pretendia explorar o lado mais negro das personagens, dar-nos uma visão do que seria o mundo controlado por eles. É assim que descobrimos a verdade sobre a tentativa de assassinato a Nathan (Adrian Pasdar), que vemos mais um futuro alternativo que terá de ser evitado, e que assistimos à reunião dos elementos deste xadrez. De um lado, Mohinder (Sendhil Ramamurthy), Nathan, Nikki/Jessica/Tracy (Ali Larter), Elle (Kristen Bell) e Sylar (Zachary Quinto), guiados pelo renascido Arthur Petrelli (Robert Forster), o misterioso patriarca da família que parece ter vindo a puxar todos os cordelinhos desta história. Do outro lado, guiados pelas visões de Angela Petrelli (Cristine Rose), Peter (Milo Ventimiglia), Claire (Hayden Panettiere), Daphne (Brea Grant), Parkman (Greg Grunberg), Hiro (Masi Oka) e Bennet (Jack Coleman). Os dois campos encontram-se no momento mais aguardado destas três longas temporadas, o eclipse que tanto deu que falar, para no final… não acontecer nada. Toda a trama da fórmula milagrosa que daria poderes a todos os humanos termina sem nenhuma resolução, e todo o impacto que “The Eclipse” poderia trazer foi, mais uma vez, desperdiçado, assistindo-se ao regresso ao status quo inicial.

Num capítulo onde tudo aconteceu a velocidades que fazem inveja a Daphne, em que as personagens mudaram de alianças e de lado tantas vezes quantas mudaram de roupa, passando de bons para maus para bons em questão de meros episódios, e em que a história se revelou ainda mais embrulhada do que antes, houve, mesmo assim, alguns momentos interessantes, como o destino da mãe biológica de Claire em “Dual”, a roleta russa do Puppet Master em “Dying of the Light”, ou a sentida despedida de Hiro da sua mãe em “Our Father”, mas o peso das múltiplas linhas de argumento que não levam a lado nenhum e que destroem o trabalho para trás já realizado fez-se sentir, ilustrando a falta de direcção que a série tem desde o início da segunda temporada.

Despedidos alguns escritores, e prevendo-se já o regresso de um dos antigos responsáveis pelo sucesso da série, o início do quarto volume, “Fugitives” almeja fazer esquecer todos os problemas e dar um novo propósito à série, e a verdade é que a “A Clear and Present Danger” consegue dar-nos um pouco daquilo que a série tanto precisava: uma direcção mais concreta, mais acção e novas personagens interessantes, como The Hunter (Željko Ivanek). Nesta homenagem à X-Tinction Agenda, Nathan (novamente do lado do mal) alia-se ao governo americano para livrar a América dos mutantes heróis, obrigando-os a sofrer (e, em alguns casos, mesmo a morrer) para conseguirem escapar das garras dos seus captores. Quanto a Sylar, este prefere deambular livremente pelos Estados Unidos fora, à procura das suas verdadeiras raízes e de uma vingança há muito sonhada do pai biológico que o abandonou.

Se a história começa bem, e o destino de algumas personagens, como Micah (Noah Gray-Cabey) em “Cold Snap” nos deixa bem impressionados, o problema de sempre mantém-se: reviravoltas confusas, mudanças de aliança inexplicáveis, reaparecimentos inacreditáveis e ret-cons que deixam qualquer fã de continuidade de cabelos em pé. Por muito interessante que “1961” seja, mostrando-nos um pouco do passado da Companhia e dos seus principais elementos, torna-se dispensável no meio de uma história que não se sabe bem para onde caminha, e apresenta tantos erros de continuidade que nem mesmo a pequena atenção ao roubos de Angela Petrelli na primeira temporada nos deixa descansar sabendo que a série está em boas mãos. Entre histórias desperdiçadas (como a supra-mencionada X-Tinction Agenda), desperdiçáveis (dois japoneses e um bebé) e completamente inacreditáveis, como a resolução de “An Invisible Thread”, o volume quatro, melhor do que o terceiro, continua a cair nos mesmos erros.

Ao contrário da Fénix, que renasceu das cinzas, “Heroes” mostra-se cada vez mais incapaz de sair da sua espiral descendente, deixando-nos com receio do que poderá chegar na quarta temporada.

8 thoughts on “Heroes S3

    • Ver a temporada de seguida então foi do pior… :s Notei ainda mais os erros.

      A mim chateia-me especialmente o facto de a série ter:
      a) uma história interessante
      b) vários universos riquíssimos em que se pode basear
      c) bons actores que podem transformá-la em algo muito melhor (aquela cena do hiro com a mãe mostrou que mesmo este personagem tem algo mais…)

      e não fazerem nada com isso. 😦

      • Concordo. Heroes podia ser uma grande séries, pois histórias para contar não faltam, mas não é isso que acontece. A NBC devia era despedir toda a equipa de argumentistas e substituir por uma nova. Ainda não sei se verei a quarta temporada, e apesar do Quinto ser um bom actor, o rumo que deram ao Sylar nesta season 3 foi deplorável.

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