Parks and Recreation S1

Numa época onde poucas são as séries que, independentemente da sua qualidade, sobrevivem aos impiedosos números das audiências, e que conseguem terminar a sua primeira temporada sem sobressaltos, “Parks and Recreation” é um modelo exemplar de que a primeira opinião nem sempre é a melhor, e de que por vezes insistir numa série vale a pena.

Sem sombra de dúvidas, a primeira temporada de apenas seis episódios de “Parks and Recreation” é fraca. A história até está lá: a vida de funcionários do governo local da pequena cidade ficcional de Pawnee, Indiana é explorada num “mockumentary”, um documentário fictício, onde se misturam cenas do dia-a-dia e do trabalho dos funcionários com entrevistas pessoais aos diversos intervenientes. No centro das atenções está Leslie Knope (Amy Poehler), vice-directora do departamento de Parques, uma mulher decidida, que acredita na importância do governo e que não irá desistir de melhorar a sua cidade por nada. À sua volta, o chefe Ron Swanson (Nick Offerman), que, ao contrário de Leslie, está-se pouco lixando para o governo e quer é que o deixem descansar em paz, os colegas Tom Haverford (Aziz Ansari), Jerry (Jim O’Heir) e Donna (Retta) e a estagiária April (Aubrey Plaza), uma adolescente que, como muitas outras, pouca paciência tem para fazer seja o que for.

Quando Leslie descobre que um gigantesco buraco por trás da casa de Anne Perkins, (Rashida Jones) uma enfermeira no hospital local, provocou um acidente ao namorado desta, Andy Dwyre (Chris Pratt), promete não parar enquanto não conseguir transformar o buraco num lindo parque. Para isso, irá contar com a ajuda relutante dos seus colegas, de Anne e de Mark Brendanawicz (Paul Schneider), um dos arquitectos do governo local, por quem Leslie ainda tem uma paixoneta.

Definido o objectivo, os episódios sucedem-se, procurando encontras formas de lidar com o problema. Se esta ideia de ter, desde início, um plano para a temporada foi interessante, a forma como a série se desenvolveu à sua volta e, especialmente, a forma como as personagens foram criadas, não foi a melhor. Leslie parece, muitas vezes, uma tontinha que não sabe o que faz, enquanto que Ron é mais competente do que parece. Anne é a mulher de circunstância, que apenas ali está para despoletar a acção, e a química entre Leslie e Mark é quase inexistente. Um começo pouco auspicioso, portanto. Felizmente, quem pega nesta série mais tarde tem, de certeza, já a indicação de que vale a pena perder duas horas a ver estes episódios mais fracos, para perceber como uma série pode ter umas fundações tão instáveis e, no entanto, transformar-se numa das melhores comédias actualmente em exibição. Só por isso, vale a pena dar-lhe uma segunda oportunidade.