True Blood S1

true-bloo2

“There’s vampire in your cleavage. Here, let me get that for you”

Bon Temps, Louisiana. Numa pequena cidade sulista recheada de campónios, uma série de assassinatos agita toda a comunidade. Jovens mulheres, belas e de reputação duvidosa, são encontradas brutalmente assassinadas, causando o pânico e a desconfiança entre os habitantes. Poderá o assassino ser um dos membros da comunidade, um qualquer familiar ou amigo de longa data? Ou poderá tudo isto estar relacionado com as surpreendentes revelações que trouxeram à luz do dia um segredo há muito escondido?

Assim começa “True Blood”, a última obra prima de Alan Ball que, depois do brilhante “Six Feet Under”, resolveu dedicar-se novamente a explorar o ser humano na sua condição mais básica, servindo-se para isso do sobrenatural. Baseada na obra de Charlaine Harris “The Southern Vampire Mysteries”, “True Blood” é uma fusão de policial, mistério, drama, comédia, humor negro e sobrenatural que consegue superar as barreiras dos géneros e conquistar todos aqueles que lhe dão uma hipótese.

Sookie Stackhouse (Anna Paquin) podia ser uma rapariga como outra qualquer. Empregada de balcão no bar da cidade, vive com a avó que a criou e passa os dias a tentar pôr algum senso na cabeça do irmão Jason (Ryan Kwanten). Mas tudo muda no dia em que um misterioso homem chega à cidade, pondo a comunidade no centro de um problema racial. Com a descoberta de um substituto para o sangue humano, os vampiros revelam-se ao mundo inteiro e procuram encontrar o seu lugar. Para Bill Compton (Stephen Moyer) isso significa regressar à sua cidade natal, onde vai despertar todos os ânimos, especialmente os de Sookie e de Sam Merlotte (Sam Trammell), dono do bar com uma paixão não correspondida por Sookie e um segredo surpreendente na sua manga.

Sexo, romance e sangue, muito sangue, é o que nos prometem de início, e não enganam… mas “True Blood” é muito mais do que apenas isso. Se o obrigatório romance entre Sookie e Bill parece, de certa forma, estranho, enfadonho e apressado demais, como reclama (e muito bem) Tara (Rutina Wesley), a melhor amiga de Sookie, revela-se no entanto indispensável para ver como a pequena comunidade lida com aquilo que é diferente.

Numa época em que os vampiros estão na moda, para o bem e para o mal, o universo aqui criado consegue surpreender-nos pela forma como se aproxima do nosso, como tenta, no meio da fantasia, fazer-nos confrontar os nossos próprios preconceitos e aceitar uma realidade menos desejada. Para isso, o local escolhido não podia ter sido outro: a cidade de Bons Temps está recheada de personagens curiosas que nos deixam a rir a bandeiras despregadas com as suas posições caricatas mas que, ao mesmo tempo, se revelam um reflexo (exagerado) do que podemos encontrar dentro de todos nós. Terry (Todd Lowe), o veterano que guarda ainda os pesadelos da guerra do Iraque, Arlene (Carrie Preston), a empregada do bar que tenta arranjar um novo pai para os filhos, Hoyt (Jim Parrack), o menino da mamã, Andy (Chris Bauer), o detective pouco competente, todas estas personagens secundárias dão um colorido diferente à série e revelam-se peças essenciais para o sucesso da mesma, especialmente Lafayette (Nelsan Ellis), que nos conquista em cada cena em que aparece. Mas porque esta é uma série de vampiros, do outro lado do espectro encontramos também personagens marcantes. Bill é o vampiro amigo, que se apaixona por uma humana e que tenta ajudar todos os que pode, para o bem e para o mal, enquanto que para Eric (Alexander Skarsgard), xerife responsável pelo condado, e os seus comparsas do bar Fangtasia, os humanos são apenas alimento muito necessário. Mas porque em “True Blood”, tal como na vida, nem tudo é o que parece, as suas aliaças poderão vir a mudar com o tempo, e as verdadeiras intenções por detrás de cada gesto prometem trazer grandes surpresas.

Imperdível para fãs de boas histórias, grandes interpretações, humor negro e um pouco de gore, a primeira temporada de “True Blood” pode não nos conquistar à primeira, mas chegados ao grito final, é difícil deixar de se sentir enfeitiçado.